Desenvolvimento de bases para a etiquetagem de edifícios comerciais, de serviços e públicos: projetos luminotécnicos
A publicação, pelo Inmetro, do Regulamento Técnico da Qualidade (RTQ-C), em março de 2009, introduziu novos parâmetros para a construção civil, que deveriam ser entendidos e aplicados pelos profissionais da área. Em 2010, os métodos foram revistos e o novo regulamento foi reformulado e renomeado para Requisitos Técnicos da Qualidade para Eficiência Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos (INMETRO, 2010a). O RAC também foi renomeado para Requisitos de Avaliação da Conformidade (INMETRO, 2010b). Estes regulamentos fazem parte do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) e definem parâmetros para a análise e avaliação dos edifícios específicos, a fim de que estes recebam a Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE) de acordo com o nível de eficiência energética (nível A até E, sendo o primeiro mais eficiente e o último, menos eficiente) por eles atingido.
O aprendizado desses novos conceitos gera questionamentos acerca das origens dos métodos, da forma de cálculo e da representatividade do parâmetro. Este pesquisa visa analisar os equipamentos do projeto de iluminação face aos parâmetros do regulamento, comparados às indicações de iluminância de projeto pela NBR 5413 – Iluminância de Interiores (ABNT,1992), e o nível de eficiência de produtos disponíveis no mercado, destinados a este fim. O objetivo foi criar uma base de dados de produtos, como reatores, lâmpadas e luminárias, para viabilizar projetos eficientes em relação à iluminação artificial.
Para tanto, a metodologia consistiu em realizar um levantamento de dados em catálogos de fabricantes dos produtos para projetos luminotécnicos e uma seleção destes, segundo seu tipo e a disponibilidade de informações técnicas. As etapas seguintes consistiram na criação de projetos luminotécnicos conceituais, através do Método dos Lumens, e na avaliação dos níveis de eficiência por eles alcançados, de acordo com os parâmetros do RTQ-C (2010).
Os resultados encontrados foram divididos de acordo com o nível de iluminância adotado na criação dos projetos luminotécnicos. Percebe-se que os níveis de eficiência diminuem de acordo com o aumento da iluminância de projeto adotada. Em todos os ambientes, os níveis de eficiência se mostraram mais elevados quando adotados os níveis de iluminância mínimos e níveis muito baixos quando adotados os níveis de iluminância máximos de projeto. A análise dos resultados indicou que os níveis de eficiência se mostraram pouco satisfatórios para os produtos testados, com exceção do melhor desempenho dos produtos de LED. No caso dos conjuntos em geral, a combinação entre baixa potência total dos conjuntos e elevado fluxo luminoso das lâmpadas que os compõe, contribuiu para que os projetos que adotam produtos com estas características alcançassem melhores níveis de eficiência.
Conclui-se que há necessidade de compatibilização entre a NBR 5413 e RTQ-C, e que esta é imprescindível para viabilizar as decisões de projeto. Quando adotados os níveis de iluminância de projeto máximos, por exemplo, no caso de uma sala de leitura para idosos, a possibilidade de este ambiente atingir níveis de eficiência satisfatórios, adotando produtos similares aos testados, é mínima. Sanar estas diferenças, através da revisão da NBR 5413 (1992), a qual apresenta níveis de iluminância superiores aos realmente necessários para a execução de determinadas atividades, é imprescindível para nortear as decisões de projeto por parte dos arquitetos e engenheiros.